“Viveremos um novo tempo”, diz Lula em 1º discurso após vitória

“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras – e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis”, declarou o presidente eleito.


por André Cintra



Em seu primeiro pronunciamento após ser eleito presidente neste domingo (30), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu um governo de união nacional. “A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras – e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis”, declarou Lula em um hotel de São Paulo. “Somos um único país, um único povo, uma grande nação.”


Ao lado do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e de outros aliados, o petista lembrou que deu a volta por cima após um longo período sob perseguição. Entre 2018 e 2019, ele chegou a ficar 580 dias preso injustamente – as condenações impostas pela operação Lava Jato, sem provas, foram anuladas na Justiça. “Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira, porque tentaram me enterrar vivo, e eu estou aqui”, desabafou.

Na mais acirrada disputa pela Presidência da República na história do País, Lula recebeu uma votação recorde neste segundo turno – mais de 60 milhões de votos – e impediu a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). A vitória foi confirmada às 19h57, com mais de 98% das urnas apuradas, e deu início a grandes comemorações nas ruas do Brasil.

Para o futuro, Lula acredita que é fundamental desanuviar o clima de ódio legado por Bolsonaro. “Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo, de paz, amor e esperança”, discursou o ex-presidente. “Mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une do que para as nossas diferenças.”

Dando pistas do que será a composição de seu governo – o terceiro à frente da Presidência da República –, Lula reforçou o sentido da frente ampla formada em apoio à sua candidatura. “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais, das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.”

Poucos minutos depois de derrotar o projeto autoritário e o governo de destruição de Jair Bolsonaro (PL), Lula enfatizou o sentido democrático da coligação Brasil da Esperança. “Eu entendo a democracia não apenas como uma palavra bonita inscrita na lei, mas como algo palpável que sentimos na pele e que podemos construir no dia a dia. Foi essa a democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas”, afirmou.

A preocupação em resgatar a credibilidade do Brasil também foi lembrada por Lula. “Hoje, nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta, que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária no mundo. Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país, para que os investidores nacionais e estrangeiros retomem a confiança no Brasil.”

De acordo com o ex-presidente, o País, sob seu governo, estará “pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta Amazônica”. Para Lula, “todos juntos seremos capazes de consertar esse país e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, com oportunidades para transformá-lo em realidade”.

O presidente eleito mandou, ainda, uma indireta aos que apontam sua idade – 77 anos – como uma limitação em seu terceiro mandato. “Não é a quantidade de anos que uma pessoa tem que envelhece a pessoa. O que envelhece uma pessoa é a falta de causa – é a falta de motivação para a luta”, disse Lula. “Por isso, eu me determinei: o Brasil é a minha causa, o povo é a minha causa – e combater a miséria é a razão pela qual eu vou viver até o fim da minha vida”.

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